O termo crise energética se tornou recorrente nos noticiários e na vida do brasileiro. Em 2021, o nosso país enfrentou a pior crise hídrica em mais de 90 anos. E, como a maior parte da nossa energia é gerada por hidrelétricas, isso afetou (e muito) os valores da energia, com riscos de apagões e racionamento.

Para os empresários, a situação também é preocupante. Afinal, o custo da energia tem impacto direto nos valores da produção. Por isso, é importante entender o que é uma crise energética e como lidar com ela. Vamos ver em detalhes?

O que é uma crise energética?

A crise energética é um período no qual o abastecimento de energia de um país fica comprometido. O principal motivo é a queda da produção das principais fontes de sua matriz elétrica.

Essa queda na produção pode estar relacionada a inúmeros fatores. Como decisões governamentais e até ambientais, como foi o caso do Brasil, com a redução das chuvas.

Crises energéticas no Brasil: quais as causas?

A crise energética, infelizmente, não é algo novo na realidade do nosso país. Afinal, já enfrentamos algumas vezes situações como essas.

Basicamente, tivemos 3 grandes situações, que foram o apagão de 2001, a crise entre 2015-2016 e a crise do Amapá, além da atual situação com preços cada vez mais elevados.

Apagão de 2001

Podemos encarar o apagão de 2001 como a primeira grande crise energética do Brasil, já que afetou o país inteiro. A situação durou de 1 de julho de 2001 até 19 de fevereiro de 2002. O principal agravante foi a falta de planejamento e investimentos no setor energético.

Para lidar com a situação, o governo implementou cortes forçados de energia, apelidados de “apagões” pela imprensa.

O principal motivo foi a escassez de chuvas no período, somado à falta de planejamento e investimentos em geração e transmissão de energia.

A falta de chuvas fez com que os reservatórios das hidrelétricas ficassem abaixo do esperado, obrigando a população a entrar em um racionamento de energia elétrica forçado.

Em 2001, algumas estratégias que temos hoje para lidar com a situação ainda eram muito incipientes, como o Mercado Livre de Energia e o uso de outras fontes para a geração de energia.

Crise 2015-2016

Apesar do cenário preocupante em 2001, não houve mudanças significativas na matriz energética do Brasil. E, no início de 2015, uma nova crise energética ameaçava surgir. O problema era novamente a baixa quantidade de chuvas. Na ocasião, os reservatórios atingiram os valores mais baixos já registrados na história do país.

Para evitar que os apagões voltassem a ocorrer, o governo resolveu privilegiar o uso das termelétricas, criando uma base de segurança energética para o país.

O problema, contudo, é que o custo para a geração de energia acabou ficando mais caro. Por isso, em alguns lugares, os valores das tarifas tiveram um salto de quase 100%.

Além do prejuízo econômico, o uso das termelétricas também traz prejuízos ambientais, pois utiliza combustíveis poluentes, como o óleo combustível e o carvão.

Crise do Amapá

A crise do Amapá foi responsável por deixar a população da região 22 dias sem energia elétrica. O que resultou no desabastecimento de água, serviços de telefonia e internet, além da compra e armazenamento de alimentos.

O motivo para esse caos foi uma forte chuva que causou um incêndio e comprometeu 3 transformadores da subestação mais importante de Macapá. O apagão atingiu 13 das 16 cidades do estado.

Atual crise energética

Em 2021, o Brasil enfrentou mais uma crise hídrica. E, novamente, os baixos índices no reservatório forçaram o governo a utilizar as termelétricas para evitar o risco de desabastecimento e apagões.

A consequência na conta de luz foi a criação de uma nova tarifa, chamada de escassez hídrica, para lidar com os custos adicionais dessa geração.

O efeito em cadeia fez com que o preço de inúmeros produtos aumentassem, contribuindo para elevar ainda mais a inflação.

Se compararmos a crise atual com a de 2001, é inegável que houve melhoras na capacidade de geração e transmissão de energia. Mas, sem dúvida, essas resoluções não foram suficientes para resolver a questão. Lembrando que, entre agosto e outubro, os apagões chegaram a ser cogitados novamente.

O cenário só não foi mais drástico porque em outubro os níveis de chuvas vieram acima da média e a expectativa de retomada da economia não aconteceu, com os juros e a inflação se mantendo altos. Por isso, a demanda por energia foi menor.

Principais causas

No caso brasileiro, as principais causas para todas as crises energéticas envolvem a dependência de uma única matriz energética e a falta de planejamento estratégico do poder público, no gerenciamento dos reservatórios das hidrelétricas e na criação de medidas para reduzir a dependência dessa matriz.

Nos últimos anos, não foram feitas mudanças reais na produção e nem na distribuição da energia e nem houve investimento para a modernização do sistema elétrico nacional.

A passividade do poder público somada às alterações climáticas, com chuvas cada vez mais escassas, fazem com que a situação apenas tenda a piorar nos próximos anos. Com o custo da energia no país cada vez mais caro.

Quais as consequências de uma crise energética?

As consequências de uma crise energética são bem conhecidas por todos nós, brasileiros. Tanto pelo consumidor comum, como pelas empresas e indústrias.

Como uma das únicas medidas usadas atualmente pelo poder público é acionar as termelétricas em tempo crise, o custo da energia só tende a aumentar. E, com isso, há uma reação em cadeia, com o aumento do preço de diversos produtos, já que o valor extra com a conta de luz acaba sendo repassado ao consumidor.

O aumento sucessivo de preços acaba contribuindo para o aumento da inflação. O que reduz o poder de compra dos consumidores e acaba impactando na quantidade de vendas das empresas e indústrias.

A elevação das tarifas também têm impacto na produção industrial do país, pois fica mais caro produzir, por isso, há uma redução no número de produtos e também há mais riscos de desemprego.

Isso sem contar a insegurança gerada pela probabilidade de racionamento e apagões, que impactam as atividades industriais, empresariais e a vida do brasileiro em geral.

A ineficiência do Brasil em lidar com a crise energética também acaba “manchando” a imagem do país no exterior. O que reduz a atratividade para investidores estrangeiros. Com menos dólar dentro do país, há uma maior desvalorização da nossa moeda.

Como lidar com uma crise energética?

Para as empresas, a crise energética é um tema bastante preocupante. Afinal, ela é capaz de influenciar nos custos de produção e até colocar em risco a existência do negócio.

Afinal, a energia elétrica é indispensável para qualquer setor e, como vimos, a crise energética tem um forte impacto na economia, piorando o ambiente de negócios.

Ainda que o Governo tenha tentado tomar algumas medidas, elas não são suficientes para resolver o problema. Por isso, os empresários têm buscado soluções. E, algumas delas, podem ser colocadas em prática no seu negócio. Veja algumas ideias.

Busque fontes de energia renovável

A melhor maneira de lidar com a crise energética, é procurar por fontes de energia renováveis, capazes de tornar sua empresa mais independente da distribuição das concessionárias.

A energia solar é uma das mais usadas, já que o nosso país tem um grande índice de insolação. Mas, além dela, você pode investir em opções como energia eólica, especialmente caso haja espaço para instalar um parque eólico.

Mesmo quem não tem onde instalar essas fontes, pode buscar alternativas. Por exemplo, utilizando os serviços de fazendas solares. Ou usando a geração distribuída. Instalando as placas fotovoltaicas em um terreno da sua empresa e compensando os créditos na conta de energia da sua sede.

Foque na eficiência energética

Outro ponto essencial é reduzir o consumo de energia. E, para isso, a eficiência energética é de suma importância. Analise seus equipamentos e maquinários e garanta que todos são modernos e têm um consumo adequado de energia.

Equipamentos e maquinários antigos, além de não produzirem tão bem, ainda podem ter uma baixa eficiência energética, consumindo mais energia para produzir o mesmo tanto ou até menos.

Reduza o consumo de energia

Pense em outras medidas que podem fazer com que sua empresa reduza o consumo de energia. Como trocar as lâmpadas por LED, usar sensores de presença, conscientizar seus colaboradores e verificar a sua modalidade tarifária.

Empresas e indústrias com consumo mais alto, podem se enquadrar como consumidores do Grupo A, em diferentes subgrupos de tensão. Analise qual é o ideal para a sua realidade e o valor da energia. Em muitos casos, também é interessante criar ações para economizar nos horários de ponta.

Quem consome muito, ainda pode começar a atuar com o Mercado Livre de Energia.

Conclusão

Neste conteúdo, você aprendeu que a crise energética é algo que já vem ocorrendo no Brasil há alguns anos. E, apesar disso, ainda não foram tomadas medidas que realmente consigam reverter o cenário.

Por isso, é importante que os empresários e industriais busquem alternativas, visando reduzir o consumo e a dependência das concessionárias. Pois, se a situação se manter, a tendência é que o preço da energia se torne cada vez mais caro, dificultando para produzir, vender e continuar operando.

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