A complexa legislação tributária no Brasil deixa muitos gestores em dúvidas na hora de optar pelos melhores regimes de tributação. Por isso, saber como calcular o Lucro Real é tão importante.

Assim, você poderá comparar com outras opções e avaliar se essa é, realmente, a melhor escolha para o seu negócio. Além, é claro, que calcular corretamente os impostos a serem pagos evita problemas com a Receita.

Não sabe como calcular o Lucro Real? Siga conosco e veja as dicas com exemplos!

O que é Lucro Real?

No Lucro Real, tanto o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) como a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e outros tributos são calculados sobre o lucro real obtido pela empresa durante o período analisado.

De todos, este é um dos regimes tributários mais complexos. Porém, isso não significa que a sua empresa terá que pagar um valor maior por estar enquadrada no Lucro Real. Apenas que você deverá ter mais atenção quando for calcular os impostos – e entender muito bem como funciona esse regime.

Quem pode aderir ao Lucro Real?

Qualquer empresa pode aderir o Lucro Real. Contudo, para algumas, ele é obrigatório. Como as que não podem ser enquadradas em outros regimes, as que possuem receita bruta anual superior a R$ 78 milhões e também:

  • empresas com atividades de: bancos comerciais, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguro privados e de capitalização e entidades de previdência privada;
  • as empresas que tiveram lucros, rendimentos ou ganhos de capital provenientes do exterior;
  • as empresas que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução de impostos;
  • as empresas que explorem as atividades de prestação de serviços de: assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring);
  • empresas que explorem atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio.

Como calcular o Lucro Real?

É importante destacar que a apuração do Lucro Real pode ser trimestral ou anual. Vamos ver detalhadamente como calcular o Lucro Real para cada um dos impostos.

Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ)

No Lucro Real, o IRPJ é apurado com uma alíquota de 15% sobre o lucro líquido do período. A fórmula é:

IRPJ = Lucro Real x 15%.

Além da alíquota de 15%, ainda há uma alíquota de 10% sobre o lucro que exceder R$ 20 mil por mês. A fórmula é:

IRPJ Adicional = (Lucro Real Mensal – 20.000) x 10%

Exemplo

Vamos supor que a sua empresa teve R$ 30 mil de lucro líquido no mês, a cobrança do IRPJ será:

  • 15% sobre R$ 30 mil = R$ 4.500
  • 10% sobre o lucro adicional (R$ 10 mil) = R$ 1 mil
  • Total de IRPJ a ser pago: R$ 4.500 + R$ 1.000 = R$ 5.500

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

A CSLL é calculada aplicando uma alíquota de 9% sobre o lucro real. A fórmula é:

CSLL = Lucro Real Mensal x 9%

* Para empresas do setor financeiro, de seguros privados ou capitalização, o tributo pode chegar a 15%.

Exemplo

Vamos continuar usando nosso exemplo de uma empresa com lucro líquido de R$ 30 mil por mês. Nesse caso, o valor da CSLL será de R$ 2700 (considerando a alíquota de 9%).

PIS/COFINS

O PIS e a COFINS no Lucro Real não são cumulativos e seguem as seguintes alíquotas:

  • PIS não-cumulativo: alíquota de 1,65% aplicada sobre a receita bruta mensal;
  • COFINS não-cumulativo: alíquota de 7,6% aplicada sobre a receita bruta mensal.

A fórmula é:

PIS e COFINS = (Faturamento – custos dedutíveis) x 9,25%

Exemplo

Vamos supor, agora, que você tenha uma empresa de serviços que teve uma receita bruta trimestral de R$ 500 mil e um lucro trimestral de R$ 300 mil.

Para facilitar o cálculo, vamos somar as alíquotas de PIS e COFINS (1,65% + 7,6% = 9,25%).

Assim: R$ 500.000 x 9,25% = R$46.250

Porém, lembre-se que é possível deduzir vários custos (como compras de matérias-primas, serviços terceirizados destinados à produção etc.). Vamos supor que essas despesas somem R$ 150 mil. Nesse caso, teríamos:

R$ 150.000,00 x 9,25% = R$ 13.875,00.

No total, o valor devido de PIS e COFINS seria de R$ 32.375

ISS/ICMS

O ISS é um imposto municipal e incide sobre o faturamento bruto das empresas prestadoras de serviços. Então, a sua empresa deverá consultar a prefeitura da sua cidade para descobrir qual alíquota usar. Em geral, ela varia de 2% a 5%.

O ICMS é um imposto estadual e deve ser pago pelas demais empresas sobre as operações de circulação de mercadoria e serviços específicos. É importante conferir na Receita do estado onde a sua empresta está situada para saber sobre a alíquota e as particularidades.

As fórmulas são:

ISS = faturamento x alíquota

ICMS = (Faturamento – Créditos Compras) x Alíquota

Atenção: Prejuízo!

Se você for optante pelo Lucro Real e tiver apurado prejuízo ao invés de lucro, não terá de recolher o IRPJ e nem a CSLL. O prejuízo poderá ser compensado com os lucros apurados posteriormente, mas essa compensação está limitada a 30% do Lucro Real do período da compensação.

O que é melhor: Lucro Real ou Lucro Presumido?

Quando o assunto é a opção pelo melhor regime tributário, muitos gestores têm dúvidas entre optar pelo Lucro Real ou pelo Lucro Presumido.

Para decidir a melhor alternativa, uma das maneiras é fazer o cálculo de ambos, comparando em qual regime você pagará menos imposto.

Porém, existem vários outros fatores que podem contribuir. Mesmo porque a opção mais benéfica poderá variar de um ano para outro, dependendo do faturamento e do lucro obtido.

O Lucro Real, por exemplo, pode ser um excelente regime para empresas que estão atravessando períodos de baixa lucratividade e o Lucro Real uma boa opção para as empresas com lucros acima da presunção do regime (evitando ter de pagar tributos maiores).

Para tirar a dúvida, a recomendação é buscar o auxílio de um bom contador, que poderá analisar todos os pormenores e indicar, com certeza, qual regime tributário vale mais a pena de acordo com a realidade do seu negócio.

Agora você já sabe como calcular o Lucro Real? Ainda tem dúvidas se esse é o melhor regime tributário para sua empresa? Entre em contato com nosso time de especialistas!

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