Às vezes escrever pode ser um desafio que tememos encarar. No meu caso, mais difícil que sessão de Pilates, seguida de 5km na esteira… Mas em ambas as situações o que sempre me inspira é a famosa motivação. Ter um motivo, um objetivo a ser atingido. Algo que está em nosso pensamento, abstrato, etéreo, e que queremos materializar. Ou como se diz em inglês: “make your dreams come true”. Faça seus sonhos se transformarem em realidade.

Ocorre que na década de 70, mais ou menos, não sou um grande historiador, inventaram uma coisa chamada “computador”. Eram gigantescos, ocupavam uma parede da sala. E esse bicho criado pelo homem foi ficando cada vez menor e cada vez mais rápido e poderoso. Assim, como uma bactéria invencível, espalhou-se por todo o corpo do planeta Terra. A grande aliada dos computadores a partir dos anos 90 foi a internet. Então, computadores poderosos + internet = mudança total de paradigma num espaço de tempo muito curto. Consequência disso: “os empresário” pira; e as instituições… pá!”

Então, hoje pra fazer nossos sonhos se transformarem em realidade dependemos da tecnologia. Nesse admirável mundo novo, tudo acabou ficando acorrentado ao sistema. Não sistema político, ou filosófico. Sistema de computação. Você chega no banco e ouve a frase: “estamos sem sistema”. Ou vai agendar sua consulta no plano de saúde e … “o sistema caiu”. Ou precisa acessar uma página de agendamento de perícia na Previdência Social e “a página está temporariamente fora de serviço”. Ou você vai pagar um boleto bancário e … “o sistema está indisponível. Tente novamente mais tarde.” E por aí vai.

O paradoxo óbvio: o que surgiu pra nos libertar e facilitar nossa vida, acaba nos aprisionando. Não sempre. Mas muitas vezes. Geralmente quando estamos com pressa pra resolver alguma situação urgente. Lembro de um amigo que trabalha com T.I. que fala sobre a irônica definição de hardware e software. Hardware é o que você chuta. Software é o que você xinga.

Constante relação de amor e ódio com a tecnologia. Freud provavelmente explicaria essa relação, se estivesse vivo. Muito provavelmente, criando algum app para android e iOS : )

Ainda assim, será que alguém consegue se imaginar sem internet e computador? Mesmo eu, dinossauro nascido em 1960, sobrevivendo arduamente no mundo digital, tenho que admitir que não consigo pensar em viver sem computador. Tudo bem, viver dá. É só se aposentar e mudar pra alguma cidade no Sul de Minas, por exemplo. Ou Capitólio, onde meu sobrinho esteve recentemente. Mas, e trabalhar? Como vamos hoje trabalhar sem internet e computador? Observando que utilizo a palavra computador, mas na realidade, são todos os hardwares disponíveis (aqueles que você chuta, lembra?): notebooks, smartphones, desktops, e todos os outros que estão sendo inventados neste exato momento. E seus milhares de softwares, aplicativos, e outros seres digitais. Resumindo: tecnologia.

Com tanta tecnologia fazendo tanta coisa, substituindo tantas funções, canibalizando tantas profissões, às vezes parece que o principal equipamento (hardware e software criados um para o outro, e que não é pra chutar, nem xingar) ficou esquecido num segundo plano: nós, seres humanos. Pior que isso: parece que definitivamente nós, seres humanos, não queremos mais pensar. A “deusa” tecnologia vai resolver todos os problemas, afinal os processadores são muito velozes, não se cansam, e repetem as mesmas equações ou comandos forever and ever. Desde que não dê algum pau. Não caia a conexão. Nenhum vírus invada a rede. Não haja interrupção na energia elétrica. Não ocorra superaquecimento dos processadores e placas. Não haja incompatibilidade entre hardware e software. E a versão esteja atualizada. De preferência todas as versões atualizadas, em real time.

Ok. Pode ser que eu esteja pegando pesado com a “deusa” tecnologia. Contudo o que pra mim é evidente, é que o pensamento acabou sendo deixado de lado. Quando deveria ser o núcleo de toda essa mudança de paradigma e comportamento. Pensar virou um acessório. O principal é o smartphone…

Pra retomar o início deste texto e concluir: tudo o que a tecnologia faz é ser uma ferramenta que nos auxilia a concretizar nossos sonhos. Algo que está em nosso pensamento, abstrato, etéreo, e que queremos materializar. Mas sem pensamento, sem reflexão, nossos sonhos são vazios.

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Flávio Buzaneli Júnior é administrador de empresas, advogado e contador. Atuou 12 anos como publicitário. É pós-graduado em Marketing pela ESPM. Desde 2.000 trabalha na Flávio Buzaneli Serviços Contábeis.

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